
Vênus passeava tranquilamente naquele mês de outubro quando vim ao mundo. Meu primeiro choro nada mais foi que um cântico poético, inspirado pelo planeta do amor. E quem nasce com vocação para amar, histórias é que não faltam...Era hora do almoço. Eu vagava pela rua indiferente ao movimento. Os olhos pouco viam além da imaginação carente, meio que choravam sem chorar. Os ouvidos só escutavam os pensamentos. Estava triste e só. Queria amar. De repente meus passos se apressaram, decididos, me encaminhando intuitivamente ao prícipe encantado ou seria príncipe coitado?Sentei num bar e quando olhei lá estava ele, com sua pele bronzeada e seus cabelos grisalhos, longe de ser meu tipo físico idealizado. Mas sabia, era ele!Um segundo olhar bastou pra que ele se aproximasse, com um desses bobos pretextos. O papo foi rápido, o trabalho nos esperava. A troca de telefones foi o fator esperança. Tinha tanta certeza quando o telefone tocou que depois do alô eu já disse o nome dele. Claro que ele estranhou, mas envaidecido. O encontro foi na mesma noite. A surpresa foi recíproca, bem melhor que a expectativa. O amor foi feito sem amor, mas com muito entusiasmo. O tchau foi sem encontro marcado. O tudo era nada e o nada uma grande ansiedade. Mas, na mesma noite novo telefonema pra dar boa noite, como gostam as librianas. Pronto, tinha encontrado um novo amor!O relacionamento foi crescendo e com ele a admiração. Ambos recém saídos de relacionamentos frustrados, ambos magoados e armados mas querendo apostar no amor. Se fosse rotular nossos sentimentos diria: medrosos, desconfiados, confusos mas esparançosos. Mas, compromisso, nem pensar! Os encontros eram diários, casualmente provocados ou marcados com displicência. Um dia, depois de algum tempo me atrevi a pedir uma definição. Não era cobrança, aceitaria qualquer uma que fosse: amante, namorante, namorada, rolo... Qualquer coisa, mas precisava dar um nome, precisava saber pra poder conduzir meus sentimentos de acordo com a situação, sem ferir ou ser ferida. A resposta foi carinhosa mas vaga. O amor apaixonado que já havia teve medo de definir, se acovardou com evasivas. Mas ficou a certeza, mesmo sem a definição. O descompromisso foi se comprometendo, o amor crescendo e o ciúme sutilmente se manifestando apesar da pseudo-liberdade e da falta de definição. E assim foi indo... O medo fazia negar a intenção de uma vida a dois, mas ela estava lá. A certeza se disfarçava evitando comentários comprometedores. Mas, o não dizer dizia tudo. No fundo nós dois sabíamos. Só que quando colocamos numa frase um monte de palavras bonitas e fechamos esta mesma frase com a palavra insegurança, o que vai restar é só a insegurança. Assumir ou não assumir, a questão nunca questionada em comum, apenas na solidão dos pensamentos. Eu queria sem exigir, ele queria sem assumir. Mas o que tínhamos era mais que compromisso. Dormir junto, acordar junto, tomar café junto, viajar junto... tudo junto. Mas, não sei porque cargas d´água eu precisava tanto de uma palavra pra definir a relação.E assim fui me desmotivando. Quando um sentimento não tem pra onde crescer, acaba morrendo, que nem planta. Não tinha nascido pra viver sozinha, até na barriga da minha mãe tive companhia. Depois de 2 anos e muita indefinição, desisti. Em seis meses estava casada de novo. Foi tão fácil. Quer? Quero! Simples assim. E o querer querendo pra valer me fez pensar que o querer covarde só gera insegurança. E insegurança acaba por gerar reações confusas que acabam sempre destruindo em vez de construir. Foi preciso esta minha atitude pra que o homem apaixonado se conscientizasse que o amor é um jogo onde o obejtivo é ser feliz, ou se aposta nele com convicção e vontade de ganhar ou então se foge, como num jogo de pôquer, sem saber se ganharia ou não. E assim acabou uma história de amor e paixão. Hoje ainda penso em Vênus como o maior dos planetas, o planeta do amor. Só que descobri outros planetas, outros objetivos. Hoje sei que o amor que procurava era pura ideologia. Que amor-perfeito é só nome de flor e se não fosse o hífen que mantém a individualidade de cada uma das palavras com certeza nem a flor teria esse nome. Mudei muito. Hoje não vejo a necessidade de viver junto pra se estar junto. Aliás, acho que isso atrapalha a longo prazo. Depois de três casamentos não consigo mais me imaginar morando com alguém. Mas, ainda acredito em relações estáveis, em fidelidade, em amor. E em muito prazer numa vida a dois. Mas, desde que essa vida a dois tenha nome e sobrenome. Não importa qual, mais ainda preciso de uma palavra que permita definir o que posso ou não sentir. O que posso ou não alimentar. A indefinição ainda é meu ponto de desiquilíbrio. Me deixa confusa e insegura. E gente insegura só faz m.! Pronto, acabei de justificar uma monte de m. que venho fazendo... Tô rindo muito!
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